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VOLA – Fabrique – 26/11/22
Postado em 02 de dezembro de 2022 @ 03:18


Por Vagner Mastropaulo

Quarteto oferece rica experiência intimista a iniciados

Já reparou que determinadas bandas funcionam melhor ao vivo do que em estúdio? O VOLA é um desses casos: você escuta os plays, eles são ótimos, mas oreal potencial só se afere na sua frente! Friamente resumindo: uma hora e vinte e sete minutos de um puta show dividido em dezesseis músicas (quatorze e duas no encore) assim distribuídas porseus três trabalhos: sete deWitness (21), o mais recente; seis de ApplaudOf A DistantCrowd (18); e um par do début Inmazes (15). Fazendo as contas, faltou uma: a versão desplugada de Enter, de Monsters (11), mais antiga do set e completamente alternativa àgravação do EP!

Entrando na casa às 18:20, instantaneamente notamos duas diferenças: público tão tranqüilo que a maioria dos presentes optou por se sentar durante a espera, no chão mesmo; e a mesa de som posicionada um tanto ao centro da pista, ao invés do canto direito. E se, pelo menos a princípio, o equipamentosdeslocados poderiamsugerir escassos ingressos vendidos, tal impressão logo foi se dissipando com a chegada um bom número de verdadeiros interessados em VOLA, confortavelmente espalhados pelasdependências, especialmente considerando ser a estréia em nosso país deAsgerMygind (vocal e guitarra), Nicolai Mogensen (baixo), Martin Werner (teclados) e Adam Janzi (bateria), único sueco entre os demais dinamarqueses.

Festa oficialmente marcada para as 19:00, cinco minutos de atraso não a comprometeram e nem mataram ninguém, a começarnuma sombria intro não-identificada (se a conhece, deixe o título nos comentários), seguida da serena24 Light-Years e deAlienShivers, um pouco mais agitada e inevitavelmente levando alguns abanguear a cabeça em nítido sinal de aprovação.Ao observarmos a total ausência de decoração e a iluminação formada por quinze ledsao fundo, sem luzes frontais (caracterizando um autêntico desafio aos fotógrafos), um freezer repleto de gelo no bar, ao lado do acesso ao backstage, fantasmagoricamente insistia em se abrir sozinho!

Alheio ao componente de filme de terror, o cantor dirigiu-se à platéia pela primeira vez: “Olá, São Paulo! Estão se sentindo bem esta noite? É nossa primeira vez aqui, primeira vez no Brasil! É sensacional! Obrigado por estarem aqui. Vamos continuar”. E sob gritos gerais de “Vo-la! Vo-la! Vo-la! Vo-la!”, foi interrompido, fez breve pausa levemente encabulado e retomou: “Muito obrigado! Essa próxima música se chama Napalm”, emendada a Stray The Skies, prontamente reconhecida. Encerrada num “Olê, olê, olê, olá! Vo-la! Vo-la!” coletivo, o vocalista descreveu o cenário de uma visualização mental:

“Muito obrigado! São Paulo, agora queremos que vocês se imaginem caminhando pela cidade, em sua área favorita: há pessoas em torno de vocês e vocês decidem escutar um pouco de música. E finalmente acabam ‘viajando’ um pouco e quando retornam para o momento no presente, vocês se dão conta de que estão totalmente sozinhos, está escurecendo ao redor de vocês, há um céu grande e vermelho lá em cima ‘olhando’ para vocês abaixo. Esta se chama Ruby Pool”, bela composição a acalmar os ânimos, balancear o repertório e reforçaro intimismoem show para iniciados, pois quem foi à Fabrique manjava bem o setlist. Será possível replicar a atmosfera na próxima vinda deles?

We Are Thin Airfoi colada a Future Bird e ambas mantiveram o pique, superando meia hora de apresentação e evidenciando elementos de metal, eletrônico, pop e progressivona sonoridade do conjunto, porém sem qualquer tipo de virtuosismo excessivo, criando fusão ímpar. Sucinto, Asger se comunicou ao indiretamente introduzir YourMindIs A HelplessDreamer, precisa para quem curte a vertente pesada doscaras: “São Paulo, estão prontos para se mexer? Beleza!”, em nova junção imediata, desta vez aThese Black Claws, preservando o clima denso com sucessivas marteladas no baixo, como na anterior. Dava para evoluir? Sim, através de um pedido do frontman:

“Muito obrigado! E agora, São Paulo, vamos tentar algo muito quieto”, em brilhante execução da citada Enter, com o povo respeitando o silêncio, sem se ouvir um pio sequer! Emocionante! E o transe somente foi quebrado com um sutil “Obrigado!” e Ghosts. Antes da excelente pedrada Head MountedSideways, rápida checagem via um “Estão prontos?” e concluímos que todos estavam, a julgar pelos pulos em comunhão com o quarteto!

Rumoao final do set regular, o “sideman” inovou ao girar o suporte do microfone em noventa graus ecomeçar a cantar Smartfriend de lado, virado para Nicolai, até recolocar o apetrechono lugar no decorrer da faixa. Em outra interação com a massa, soou sincero: “Obrigado! Estão se divertindo? Nós também! Isso é incrível!”. Renovados coros de “Olê, olê, olê, olá! Vo-la! Vo-la!”, entretanto, não o impediram de dar a triste notícia: “Obrigado! Isso é lindo! Bem, é hora da nossa canção final… Então, preparem-se para se mexer e cantar junto nesta chamada StraightLines”.

Deixaram o palco e o apelo ecoava em uníssono:“One more song! One more song!”, em inglês mesmo. O jogo de cena durou cerca de apenas um minuto ao fazerem Whaler e,esperta, a galera repetiu o clamor em“One more song! One more song!”.O vocalista anuiu: “Ok, temos mais uma música! Muito obrigado por terem vindo a este show. É nossa primeira vez no Brasil e é tão maravilhoso. Isso significa muito para nós, então, obrigado! Esta última música se chama InsideYourFur”. Foi, de fato, a saideira, e vieram as palavras derradeiras de Asger: “Muito obrigado, São Paulo! Vocês são fantásticos!Muito obrigado por virem aqui!”.

Enquanto The SoundOfMuzak (PorcupineTree) rolava na discotecagem às 20:32, este escriba se recuperava da sensação de ter feito parte da história ao testemunhar o VOLA in loco, sendo um dos que menos conheciam o grupo. Resta atorcida para que regressem rapidamente, certamente tocando para um número maior de pessoas. Se você infelizmente perdeu a passagem deles por São Paulo, siga “estudando” seus álbuns e se preparando para integrar a horda de admiradores que estiveram na Fabrique. Podemos garantir que ali a experiência jamais se voltou a meros curiosos.

 

Setlist

Intro: ???

01) 24 Light-Years

02) Alien Shivers

03) Napalm

04) Stray The Skies

05) Ruby Pool

06) We Are Thin Air

07) Future Bird

08) Your Mind Is A Helpless Dreamer

09) These Black Claws

10) Enter

11) Ghosts

12) Head Mounted Sideways

13) Smartfriend

14) Straight Lines

Encore

15) Whaler

16) Inside Your Fur

 
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