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Where’s My Bible? – FFFront– 10/10/23
Postado em 04 de novembro de 2023 @ 15:47


Texto: Vagner Mastropaulo

Fotos: Gustavo Diakov (Sonoridade Underground)

Demorou além de um ano e eles vieram à América Latina!

Em julho/22, participamos de uma entrevista coletiva online [https://onstage.mus.br/website/come-tolatinamerica-entrevista-coletiva-online-14-07-22]com membros do Luna Kills, Where’s My Bible? e Noira, finalistas do Come To Latin America, competição financiada pelo Ministério de Educação e Cultura da Finlândia (onde o heavy metal é levado a sério!), cujo “campeão”, como o nome sugere, ganharia uma turnê pela América Latina.Pois bem, bastou anunciarem o segundo conjuntocomo vencedor um mês adiante e houve quem apostasse que o prêmio seria excursionar com o Sonata Arctica em março, o que não aconteceu e só brotou na cabeça de alguns pelo fato de abanda de Tony Kakko ser do mesmo país.

No bate-papo, o vocalista JussiMatilainen e o guitarrista Toni Hinkkalarepresentaram o Where’s My Bible?, completado por Pasi Löfgrén (guitarra), Juho Jokimies (baixo) e Teppo Ristola (bateria) e antecipamos: o quinteto despejou cinqüenta e dois minutos de black metal permeando a fronteira com o death –descrição que serve apenas como referência e o mais correto seria não rotulá-los e você tirar suas conclusões ao ouvir a mistura bastante interessante. Cá entre nós, o set foi relativamentepequeno, principalmente para os padrões de grupos estrangeiros tocando por aqui, mas levando-se em conta que em São José dos Campos, por exemplo, o Krisiun era o headliner do evento, é possível dar um desconto.

Porém, antes de focarmos neles, sea Tantum, de Belo Horizonte, surpreendera abrindo paraos islandeses do The Vintage Caravan em agosto na House Of Legends (perto do FFFront, aliás), desta vez a revelação ficou a cargo de seus conterrâneos do Paradise In Flamese, em grande coincidência, a parceria “BH/Escandinávia” seguiu funcionando em São Paulo. Formados por André Damien (vocal/guitarra), Opus Mortis (vocal), Robert Aender (baixo), Guilherme de Alvarenga (teclados) e Samuel Bernardo (bateria), de cara é necessário contextualizar: André assume os guturais; Opus Mortis se encarrega majoritariamente de lindas linhas líricas, mas dá seus pitacos flutuandode “bela” a “fera” sem dificuldades; e Guilherme traz vocais de apoio ocasionais e também guturais.

Dados os rumores de que a apresentação seria iniciada pontualmente às 20:00, subimos para o andar superior dorecinto pouco antes do horário e, dando a ambientação, StabatMaterDolorosa, trilha sonora do filme The Killing Of A Sacred Deer (17),já rolava. Com quatro minutos de “atraso”, As Escadas Que Levam À…, foi disparada como intro e emendada a Galeria De Arte Do Inferno, sua sucessora regravada em Past In Files (22) e originalmente de Labirinto Das Metáforas (14).Ao seu término, André mandou suas palavras inaugurais: “Obrigado aí, São Paulo! Nós somos o Paradise In Flames, de Minas Gerais. Obrigado aí por vocês virem numa terça-feira representar o underground. A próxima música se chama UnseenGod”.

Outra em dois trabalhos dos mineiros foi Has Never Seen A World Without Wars, encontrada tanto em Devil’sCollection (20) quanto no EP Preludium (23), e o título não poderia vir mais a calhar quandoIsrael e Palestina reativam conflito armado, fora Rússia x Ucrânia eAzerbaijãoxArmênia, para mencionar as maiores guerras atuaise, extrapolando, dá para acrescentar a polarização política mundial no balaio.

Após a primeira interação de Opus com a platéia, que basicamente não conseguimos escutar de tão estranhamente baixo o volume de seu microfone no momento, fizeram Dancer Of The Mist e somente nela notamos as inserções do instrumento de Guilherme, fundamentais para estabelecer divertidoe super bem encaixado contra-ponto à forte pegada da faixa – vale a audição!

Registrada no début HomoMorbusEst (06) e no citado Preludium, EmptyFeelings foi uma tremenda paulada capaz de dar um “se oriente” neste repórter, absorto nos pormenores da decoração: a capa de ActOne (21) no backdrop e o logo da banda na pele do bumbo e customizada num maravilhoso ornamento de plástico preso ao pedestal do microfone de André.

Old Ritual To An Ancient Curse e BringerOfDisaster deram prosseguimento ao massacre, até Guilherme expressar imensa gratidão: “Puta que pariu, São Paulo! Galera, vocês são foda pra caralho! Muito obrigado pela presença de todos vocês esta noite! Queria agradecer, de coração, a presença de todos vocês. Para nós, é uma puta honra estar retornando a São Paulo depois de dezesseis anos sem tocar aqui. É realmente do caralho estar aqui fazendo este show com vocês! Obrigadaço, galera! Bora para o próximo som, arregaçar tudo, galera! A próxima música foi muito importante para nós, foi a primeira música que lançamos com esta formação e é, acima de tudo, sobre liberdade. É o caminho do pentagrama: The Way To The Pentagram”.

As últimas foram a inédita I Feel The Plague e LastBreath, cuja parte derradeira dos teclados foi mantida como outro. Foram emboracausando ótima impressão em quarenta e cinco minutos e, se você curtiu o Paradise In Flames in loco, ou se se interessou por eles a partir desta resenha, saiba que eles regressarão à cidade acompanhando Abbath em 19/11 no Vip Station.Por WhatsApp, pedimos a Guilherme de Alvarenga um panorama dos três shows com o Where’s My Bible?, de São José dos Campos ao Rio de Janeiro entre os dias oito e onze:

“Coincidiu de ser o final da turnê deles, Come To Latin America, e o começo da nossa pelo Brasil, as duas bandas fazendo turnê juntas, dividindo o palco todos os dias. A experiência foi muito boa e quem organizou a parte brasileira deles foi a Xaninho Discos, que está organizando a nossa turnê também. Achei muito legal, temos alguns elementos em comum na sonoridade, então foi uma coisa boa para as duas bandas. Os shows foram bem legais, deu para conhecer bastante gente, interagir com a galera e começar a divulgar nosso trabalho também pelo Brasil. Já fizemos duas turnês pela Europa, então poder fazer esta turnê pelo Brasil é legal. Em geral, nos surpreendeu bastante e deu muito retorno para a banda. Eu diria que a turnê teve um saldo positivo para nós”.

Com a escassez de roadies, os próprios músicos do Where’s My Bible? ajudaram na montagem doequipamento e, às 21:43, o trio de cordas e o batera se cumprimentaram com um soquinho de união ao melhor estilo “juntos venceremos”, soltaram um grito de “São Paulo!” e, ao invés de uma base pré-gravada,abriram o set com um instrumental curto e, conforme apurado, simplesmentebatizadocomo…Intro!Numa espécie de transe de concentração, Jussi se recolhia num canto ao fundo do palco e deste modo permaneceu até dar as caras já comChapter I: Escapeem andamento – se houvesse acesso ao backstage por onde ele estava, certamente de lá surgiria voando.

E por falar do frontman, a princípio encapuzado, ele era o mais pintado de todos e entregou performance absurdamente vigorosa e animalesca, no melhor sentido do termo, a ponto de não parecer se tratar da mesma pessoa de temperamento serenodo lado externo da casa, ainda fechada, quando este escribachegoupor volta de 18:40. Ele anunciou a próxima: “Beleza! Vamos levá-los a um pequeno pedaço do futuro. Esta é uma música do nosso álbum a ser lançado e se chama Creator Of Abyss”,grafadacomo C.O.A. no setlist de palco.

Ele continuava se comunicando: “Certo! Vamos voltar ao nosso lançamento mais recente, Circle. Esta música se chama The Void” – a rigor, Chapter II: Void, e sem o gorro, agitavaos dreadlocks em movimentos coreografados junto à sua linha de frente. Nela, Pasi e Juho contribuíram com backing vocals e, em espaço diminuto, não se sabe como os headstocks não feriram algum colega. Ainda sobre a área, a sala de estar de um apartamento amplo seria mais confortável e quem chegou em cima da hora sofreu para assistirlá de trás.

O vocalista explicou o significado do single disponibilizado em setembro, porém, devido a seu inglês levemente truncado e uma reverberação de fundo um tanto alta, talvez a mensagem não tenha sido clara o suficiente: “Legal pra caralho! Obrigado! Ok, a próxima música é nosso lançamento mais recente e alguém talvez já a tenha escutado. Ela é sobre a besta que virá e comerá o sol. O sol será comido sob Ragnarök e o fim do mundo será aqui. É uma música sobre a mente humana: sua besta comerá seu sol e começará seu fim do mundo pessoal. Esta música se chama Fenrir. Certo, São Paulo? Estão conosco? Vamos nessa!”.

Ele seguia elogiando e apresentando o repertório: “Legal pra caralho! Somos o Where’s My Bible? da Finlândia. São Paulo, adorei este lugar. Brasil, muito obrigado. Vocês são sensacionais. Esta música é para vocês banguearem as cabeças. Ela é [Chapter IV:] Origin”. Encerrada, berrou um estrondoso “Puta que pariu!” em português, extremamente bem recebido e conquistando de vez o carinho geral. E retomou: “Certo! Temos um presente especial: vamos tocar outra música de nosso próximo álbum. Esta será matadora e se chama Kave”, um “Mau Criador” em nosso idioma.

Ao resgatarem a única do play de estréia,M ‘N’ R (18), provocou comoção: “Obrigado! Agora voltaremos no tempo até uma música antiga porque nós perdemos nosso baixista um pouco antes neste ano. Ele faleceu, esta é para ele, a música é dele, ele criou o riff desta próxima música. Então esta é para você, Jarno [Laakkone]! Descanse em paz! Ela se chama Transcendence”, respeitosamente menos agressiva e mais cadenciada, ainda assim uma pedrada rock ‘n’ roll.Ao vivo, implementaram um drible sutil na galera: teve quem pensouque ela tinha acabado e aestenderampor um minuto e meio, recomeçada como uma marcha na levada de Teppo.

E se em time entrosado não se mexe, deixemos Jussi dar o recado: “Obrigado! Tem sido extremamente lindo estar aqui nesta turnê sul-americana. Temos que voltar assim que possível. Então, galera, temos mais duas músicas, mas aplaudam o Paradise In Flames! Que banda absolutamente sensacional tivemos aqui! Beleza… Werewolves Of Ghost Town”, com pitadas mais melódicas dametade em diante. A saideira? Mantenhamos a tradição:

“Obrigado, São Paulo! Certo, é hora de terminarmos o dia com nossa última música, mas esta definitivamente não será nossa última vez aqui. Estão prontos para Chapter III: Nest? Ela mesmo! Estão prontos? Obrigado, São Paulo! Vemos vocês na próxima!”. Foi o petardodecisivo, última das quatro do EP Circle (22) incluídas no set e veementemente recomendamos que você confira seus clipes, pois são material de primeira qualidade! Enfim, o Where’s My Bible? veio até aqui, a torcida é para que retornem e o próximo capítulo é a coletiva de imprensa no Consulado da Finlândia, com direito a integrantes do Ratos de Porão e Krisiun. Leia a cobertura em breve no site!

 

Setlists

Paradise In Flames

Ambientação: Stabat Mater I. “Stabat Mater Dolorosa” [Claudio Scimone, Ileana Cotrubas & Lucia Valentini-Terrani]

Intro: As Escadas Que Levam À…

01) Galeria De Arte Do Inferno

02) Unseen God

03) Has Never Seen A World Without Wars

04) Dancer Of The Mist

05) Empty Feelings

06) Old Ritual To An Ancient Curse

07) Bringer Of Disaster

08) The Way To The Pentagram

09) I Feel The Plague

10) Last Breath

Outro: Last Breath [linha de teclado]

 

Where’s My Bible?

Intro: [sem nome]

01) Chapter I: Escape

02) Creator Of Abyss

03) Chapter II: Void

04) Fenrir

05) Chapter IV: Origin

06) Kave

07) Transcendence

08) Werewolves Of Ghost Town

09) Chapter III: Nest

 
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