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Sepultura – Espaço Unimed– 06, 07 e 08/09/24
Postado em 29 de setembro de 2024 @ 16:05


Terão sido estes os shows derradeiros do Sepultura em São Paulo?

Texto: Vagner Mastropaulo

Fotos: Flavio Santiago / Bel Santos (@bel.santosfotografia)  / Anderson Hildebrando (@andersonh_fotografia)

Havíamos resenhado a ida do Sepultura ao Aramaçan em Santo André em agosto [https://onstage.mus.br/website/sepultura-aramacan-santo-andre-09-08-24] com ingresso pago do bolso e, desta vez devidamente credenciados, rumamos ao Espaço Unimed na sexta-feira do primeiríssimo jogo da história da NFL em solo brasileiro entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers no Itaquerão, data um de três esgotadas na turnê despedida do quarteto em São Paulo.

Antes, porém, o Torture Squad abriu a festa pontualmente a partir das 19:30, conforme horário previamente divulgado, em set de quarenta e cinco minutos com direito à participação especial da performer Slovakia interpretando Lilith,de Diablo IV [https://www.instagram.com/torture_squad/reel/C_gwOz1Jh-z]. Acabando de entrar e não se tratando de um gamer, este escriba não detectou a conexão da introdisparada, mas supõe-se que o diálogo remetia ao jogo. O início de Hell IsComing também rolou no sistema de som como intro até a faixa em si explodir tudo pelos ares!

Sucessora em Devilish (23), Flukeman evidenciou a segurança de Castor no baixo, Amílcar arrebentando na bateria e Rene detonando nos riffs, este há quase dez anos, aliás (como o tempo voa!) na vaga de André Evaristo. E May? Sensacional! Vá mandar bem assim no gutural lá longe!Enquanto notávamos a caprichada produção incluindo backdrop com a capa do citado Devilish (seis das oito tocadas foram dele) com dois belos banners laterais e o nome do grupo nas peles dos bumbos, Warrior mostrou-se um rockão à laAccept (sim, acredite!), principalmente na guitarra e na bateria. Encerrada, veio a fala inaugural da frontwoman:

“Muito obrigada! Muito boa noite! A gente está imensamente feliz em estar aqui com vocês, imensamente emocionados por este convite do Sepultura de estar fazendo parte desta turnê de despedida. Isto não é uma despedida, é uma celebração, não é mesmo? HorrorAndTorture”, única de Pandemonium (03). Representante singular de Æquilibrium (10), RaiseYourHorns teve um puta solo de Rene, que fez o começo de FindMy Way ao violão e detonou na guitarra. Na retomada do play em divulgação, cabe um adendo: sobrou talento para May em vocais limpos a princípio!

Coube a ela dar a notícia que ninguém queria ouvir:“A gente está chegando ao final do show, queria agradecer por essa energia de vocês. Muito obrigada!” e fizeram A FarewellToMankind, outra com trechos vocais “cantados” no fim, e houve tempo para The Last Journey, apenas com ela nos teclados e marcando o retorno de Slovakiacom falas sobrepostas traduzidas de Diablo IV em curta interação com outro personagem ecoando pela casa:

 

Lilith: O pecado é direito de nascença deles. Meus filhos, os senhores do inferno estão vindo para devorar nosso mundo. A salvação não está na luz, está em vocês. A fé ensinou vocês a negar o desejo de seu coração e transformou-os em prisioneiros de si mesmos. Rompam as correntes e descubram quem estão destinados a ser. Rompam as correntes e sejam belos no pecado.

Elias: Eles despertaram, mãe.

Lilith: Os primeiros de muitos.

 

Legal, não? E caso não saiba e tenha achado a parceria meio “nada a ver”, Slovakia faz parte do clipe de Hell IsComing, inspirado em Diablo IV! Enfim, já com Warrior de outro, Amilcar deu seu recado: “Valeu! Tocar com a banda é o sinal verde da vida! Sepultura, do Brasil, caralho! Obrigado! Presente dos anjos do metal nessa porra! Obrigado por vocês terem chegado agora!”. Abertura de passar o carro!

 

Prometido para as 21:00, eram 21:16 quando subiram o backdrop com arte indígena usada na turnê (ele cairia ao término da segunda música) e, em quatro minutos, surgiam no telão imagens pré-gravadas do backstage sucedidas pelas intros WarPigs e Polícia, ambasna íntegra! Na prática, passava de 21:30 quando uma vinheta com músicas do Sepultura foi usada como abertura paraRefuse/Resistliberar a energia acumulada e um drone filmando o recinto aparecer do nada! Em local fechado, foi a primeira vez que este redator viu algo similar e, por falar em “primeira”, abriu-se de cara uma roda bem à frente deste que vos escreve, sujeito de sorte…

Territoryfoi pura dinamite enquanto notávamos, além dos telões fixos da casa, mais quatro, dois a dois em ângulos de noventa graus nos cantos do palco! Propagandacoroou uma trinca de respeito de Chaos A.D. (93) com dois bumbos alucinantes de “Seu Greyson”, lindamente decorados com um “Sepultura 40 Anos” e o característico tribal!Phantom Self resgatou Machine Messiah (17) até Derrick dar o ar da graça 100% em português:

“E aí, São Paulo? Finalmente aqui tocando para vocês! Incrível! Muito obrigado, viu? Muito obrigado! Temos muitas músicas para vocês hoje à noite. Vamos tocar a história do Sepultura. Quantas pessoas aqui têm o disco Roots? Quantas pessoas!Caralho! Porra! A próxima música é para vocês: Dusted”, justificada pelo plano de gravarem e lançarem quarenta músicas em quarenta cidades distintas, mas, sendo sincero, o lado b um tanto empoeirado, com o perdão do trocadilho, deu uma quebrada no clima e aí fica uma sugestão: sabemos que as durações não batem, mas não seria melhor ressuscitarem Straighthate, por exemplo? Ou meter o louco logo com Lookaway?

Ainda num combo de Roots (96), mandaram Attitude e Spit e, viajando, este repórter se viu prestando atenção na camiseta do frontman: “CoretexKreuzberg Est.1988”, aludindo à gravadora [https://coretexrecords.com]localizada no bairro com maior ascendência turca em Berlim. Na boa, homenagem de respeito! Após Kairos, Andreas se manifestou: “E aí, São Paulo? Que sonho isso aqui, mano! Quando anunciamos em dezembro a primeira data aqui em São Paulo, vocês que foram foda, vieram aqui primeiro e fizeram sold out desta data aqui, mano! Ansiedade do caralho para estar aqui esta noite! Finalmente estamos aqui! Obrigado, do fundo do coração, mano! O Sepultura ama vocês! Obrigado! Quarenta anos de banda, mano! Graças a vocês, certo?”.

Observador, notou seu time representado: “É isso aí, São Paulo Futebol Clube sempre! Aquela bandeira foi a vários shows, vários! Na bateria, para quem não conhece, o cara que está destruindo tudo, uma energia fantástica, técnica, tudo de bom: Sr. GreysonNekrutman”.Foi absolutamente bem recebido com palmas e gritos de seu nome a ponto de Andreas completar: “Merecido, o cara é foda! Esta música é dedicada a vocês, que mantiveram esta banda por quarenta anos aqui forte e unida. É isso aí! Do Quadra, MeansToAnEnd”, seguida de Convicted In Life e GuardiansOf Earth, com Andreas ao violão na introdução e lindas imagens no telão batendo em uma hora no relógio.

Derrick simplificou: “E aí, São Paulo? Vamos tocar uma música do disco Roorback. A próxima música é MindWar”, sucedida por False e Choke. O guitarrista apresentaria o que viria: “Do caralho, São Paulo! Puta que pariu! Cara, vamos tocar umas coisas mais antigas aí, umas velharias, de quando muitos de vocês não tinham nascido, mais velho do que o Paulo. Ele é velho, muito velho. Esta aqui é de 1987, do álbum Schizophrenia.Thrash metal, xará! EscapeToTheVoid”, um arregaço! Ele tornaria a dar a letra:

“São Paulo, é o seguinte: essa próxima música, a gente fez muito na turnê do Chaos A.D. em 1994, quando a gente começou a ter mais influências da música brasileira, de percussão e ritmos do Brasil. A gente colocava uns instrumentos extras de percussão para fazermos uma jam e chamar amigos para o palco, muitas bandas amigas nossas participaram dessa jam. E para celebrar quarenta anos, a gente trouxe essa jam de volta para chamar amigos, músicos, a equipe, vocês aí, que foram escolhidos para subir ao palco com a gente também. Esta música é de 1993, do álbum Chaos A.D. e se chama Kaiowas”, tocada no mesmo belo violão preto vazado do início de GuardiansOf Earth e acompanhado por Jean Patton no instrumento. A jamcontou com todo o Torture Squad, João Barone, YohanKisser e Antônio Novato, do Lado Direito Do Palco, canal do YouTube.

Percorrendo retroativamente a discografia, detonaram com DeadEmbryonicCells e Biotech Is Godzilla, para o regresso do drone na maravilhosa AgonyOfDefeat. Aceita uma quase novidade? Que tal Orgasmatron, recuperadaem 31/08 na Farmasi Arena no Rio de Janeiro. TroopsOf Doom foi outro petardo e o vocalista cravou em nosso idioma: “Certo! Muito bom! Muito bom! Sexta-feira em São Paulo, caralho! Vamaê! Nós vamos tocar uma música mais antiga. Não estou ouvindo… Uma música clássica do Sepultura: InnerInnerSelf! Vamos nessa!”, com Andreas tirando onda ao dedilhar um pedacinho de BlackDiamond, do Kiss. Derrick sintetizaria: “Obrigado! E aí? Listenup, São Paulo! Escuta aí, caralho! What I wantyouallto do for me. I wantyoualltofuckingArise!”.

Chegando a duas horas de pancadaria, o encore era carta marcada:

 

Derrick: Mais uma? Por favor? Esta noite aqui é especial!

Andreas: Estamos gravando um disco ao vivo, mano! Vocês estão ligados, hein?

Derrick: Não fiquem tímidos…

Andreas: Gritem pra caralho aí!

Derrick: Are youready? Are youready? Greyson, let’s do it!

 

E fizeram Ratamahatta em versão reduzida com o vocalista anunciando: “Sepultura, do Brasil! Um, dois, três, quatro!”, antes de Roots Bloody Roots. E coube um elogio dele, do fundo do coração: “Youguys are thefuckingbest! Vocês são do caralho, São Paulo!”, com um “Obrigado São Paulo!” no telão e Easy Lover de outro, que bastante gente pensa ser de Phil Collins, sem se dar conta que ele é o convidado de Philip Bailey na faixa encontrada em Chinese Wall (84), terceiro registro solo do especialista em falsete do ótimo Earth, Wind & Fire. Senhor espetáculo!

 

Setlists

Torture Squad – 45’ / Programado: 19:30 / Real: 19:30

Mayara “Undead” Puertas (vocal), Rene Simionato (guitarra), Castor (baixo) e AmilcarChristófaro (bateria)

Intro 1: Diablo IV

Intro 2: Hell IsComing

01) Hell IsComing

02) Flukeman

03) Warrior

04) Horror And Torture

05) RaiseYourHorns

06) FindMy Way

07) A FarewellToMankind

08) The Last Journey

Outro: Warrior

 

Sepultura – 2h13’ – Programado: 21:00 / Real: 21:20

Derrick Green (vocal), Andreas Kisser (guitarra), Paulo Jr. (baixo) e GreysonNekrutman

Intro 1: War Pigs [Black Sabbath]

Intro 2: Polícia [Titãs]

01) Refuse/Resist

02) Territory

03) Propaganda

04) Phantom Self

05) Dusted

06) Attitude

07) Spit

08) Kairos

09) MeansToAnEnd

10) Convicted In Life

11) GuardiansOf Earth

12) Mind War

13) False

14) Choke

15) Escape To The Void

16) Kaiowas [Com Jean Patton Ao Violão] [A Jam Teve: Jean Patton, todo o Torture Squad, João Barone, YohanKisser e Antônio Novato, do Lado Direito Do Palco, canal do YouTube]

17) DeadEmbryonicCells

18) Biotech Is Godzilla

19) AgonyOfDefeat

20) Orgasmatron [Motörhead]

21) TroopsOf Doom

22) Inner Self

23) Arise

Encore

24) Ratamahatta

25) Roots Bloody Roots

Outro: Easy Lover [Philip Bailey Feat. Phil Collins]

 

Tendo assistido aos shows de sábado e domingo, por que não dar uma pincelada em cada um deles?

 

07/09/24

A abertura de quarenta e cinco minutos coube ao Cultura Tres, o “outro grupo de Paulo”, e a diversidade musical já estava estampada nas camisetas: Black Sabbath, do vocalista e guitarrista Alejandro Londoño Montoya; Public Enemy, de seu irmão, o guitarrista Juanma De Ferrari Montoya; e ThinLizzy, do baixista – vamos ficar devendo a do baterista brasileiro Henrique Pucci, do Noturnall e novo membro do conjunto, “escondido” atrás de seu kit.

Como decoração, um belo backdrop com a caveira e o nome do grupo, também presentes nos bumbos, com um “SurAmerica” adicionado abaixo. Com cinco álbuns e um EP lançados, o set apostou em promover Camino De Brujos (22), de onde extraíram seis das sete – a exceção foi Day One, de La Secta (17), quinta no geral – fora um pedaço de Los Muertos De Mi Color, de El Mar Del Bien (11), como intro.

The World And Its Lies trouxe a mistura certeira de metal com hardcore e, sem exagero, se você cerrasse os olhos e escutasse somente os linhas vocais de Alejandro, impressionava a influência e semelhança com… Max Cavalera! De começo esporrento, Time IsUp soou bem mais arrastada em seu decorrer e The Land beirou o doom, encerrada com fala do frontman, praticamente sem sotaque: “Boa noite! Quase não posso acreditar no que estou vendo na minha frente… Hoje, todos nós, não preciso nem falar… Todo mundo que pagou ingresso para conseguir entrar aqui sabe do que estou falando: hoje a gente está celebrando a vida da banda da trilha sonora das nossas vidas!”.

Ele continuou esbanjando sinceridade e arrematou: “Quando a gente sonhava em ver esta banda maravilhosa ao vivo no país onde a gente cresceu, lá na Venezuela? Era quase impossível, né? A gente tinha os pôsteres daquela banda maravilhosa que estava representando a América do Sul no mundo. E aí, de repente, o cara desse pôster caiu e está aí! Mais do que tocar juntos, estamos celebrando a carreira da banda mais importante da América do Sul de metal! Obrigado por virem aqui e celebrarem esta festa com a gente. Esta música se chama ProxyWar”.

Concluída a citada Day One, nova interação: “Muito obrigado! A gente está chegando ao final do show, mas tem uma coisa que preciso falar porque não falei. Sei que meu português é muito ruim, mas espero que vocês me entendam, estou aprendendo português. A gente vem de um país que foi quebrado pela divisão… Não foi quebrado pela política, por este ou aquele, falam muitas coisas, mas o que quebrou a gente foi a divisão. E não quero ver este país lindo de vocês passar por tudo que passou o nosso país. Entendam: não se dividam! Todos somos iguais, não tem nada que possa dividir a gente, religião, nada dessa porra pode dividir a gente. Essa ‘igreja’ que criou o Sepultura, e estamos todos aqui juntos, será a única religião que vou seguir. Esta música se chama Zombies”.

A saideira? “Obrigado a todos vocês que chegaram cedo e por esta energia maravilhosa. Obrigado a todos vocês, de todo o coração. Esta é nossa última música e se chama Signs”. Agradaram! E para quem pensava que eles só haviam tocado em São Paulo na sexta-feira do Summer Breeze2024, no Sun Stage, quatro dias depois eles se apresentaram no La IglesiaBorratxeria – fora a abertura para o Dimmu Borgir no saudoso Tropical Butantã em novembro/18, sem Paulo no line-up.

 

E quanto ao Sepultura? Atraso idêntico de vinte minutos, mas houve diferenças, como o público bem mais intenso, como sempre, por ser um sábado e poder descansar no domingo. Ah, as rodas estavam mais animais! No repertório, Slave New World entrou no lugar de Propaganda, Cut-Throat veio na vaga de Spit e Sepulnation substituiu Convicted In Life. Assim, treze dos quinze full-lengths estiveram representados, alguns com “filhos únicos”:

Phantom Self, de Machine Messiah (17); Kairos, no álbum homônimo de 2011; False, de Dante XXI (06); Mind War, de Roorback (03); Sepulnation, de Nation (01); Choke, de Against (98); Inner Self, de Beneath The Remains (89); Escape To The Void, de Schizophrenia (87); e TroopsOf Doom, de MorbidVisions (86) – lembrando que ela integra Schizophrenia. Assim, “rodaram” A-Lex (09) e The MediatorBetween Head And Hands Must Be The Heart (13), pois Bestial Devastation (85) é oficialmente um EP.

Já os mencionados Chaos A.D. e Roots tiveram cinco escolhas; Quadra (20), três; e Arise (91), duas. No mais: houve “capoeira” na roda durante a parte do berimbau em Attitude; os convidados em Kaiowas foram Dante Lucca Rozalini, técnico de guitarra de Andreas, ao violão, e Supla, Marcio Sanchez, YohanKisser, os três membros restantes do Cultura Tres e um fã japonês de cabelo tingido de loiro!; e Greyson inovou com um curto solo de bateria antes de Ratamahatta.

 

Setlist

Cultura Tres – 45’ / Programado: 19:30 / Real: 19:32

Alejandro Londoño Montoya (vocal/guitarra), Juanma De Ferrari Montoya (guitarra), Paulo Jr. (baixo) e Henrique Pucci (bateria)

Intro: Los Muertos De Mi Color

01) The World And Its Lies

02) Time IsUp

03) The Land

04) Proxy War

05) Day One

06) Zombies

07) Signs

 

08/09/24

Se Torture Squad e Cultura Tres desempenharam bons papéis, o que o Black Pantera aprontou no domingo está num outro nível…Devido ao fato de o dia seguinte ser de expediente normal, toda a programação foi adiantada em uma hora e, às 18:30 em ponto, Charles Gama (vocal/guitarra), Chaene da Gama (baixo) e Rodrigo “Pancho” Augusto (bateria) ocuparam seus postos ao som da fala inicial de Mano Brown em A Vida é Desafio, do Racionais MC’s, na versão de 1000 Trutas 1000 Tretas (Ao Vivo) (06).

Provérbios abriu oficialmente os trabalhos com leve pane no baixo, problema prontamente solucionado e, sem se tratar de qualquer tipo de competição, mas emPadrão É O Caralho, segunda pancada, de baixo saliente e batidas fortes, o trio de Uberaba já colocava no bolso tudo que havia acontecido como opening act… Sim, bastaram duas músicas!

Em breve pausa, Charles resumiu: “Salve! Rapaz, que alegria máxima estar aqui com vocês hoje em São Paulo. São Paulo tem esse carinho enorme com a gente, mas, mais do que isso, é um sonho realizado que a gente tem aqui agora tocando, abrindo para o Sepultura, banda que a gente começou a escutar desde molequinho lá em Minas Gerais também. Então, assim, é uma grande vitória para nossa banda aqui também e um até breve para esses caras aqui porque o Sepultura é uma escola e tem ensinado a todos nós o que é o rock ‘n’ roll aqui no Brasil. Que orgulho, porra! Que orgulho! Muito foda! Obrigado mesmo a quem chegou mais cedo.Estamos juntos, galera!”. Ele ainda foi completado por Chaene: “A maior banda de rock do país é o Sepultura, caralho!”.

Mahoraga inaugurou a roda,Sem Anistia puxou a já tradicional roda “só das minas” e o melhor a fazer é dar voz a Charles: “Salve, família! Somos o Black Pantera, de Uberaba! Dez anos de ‘corre’, dez anos sendo uma banda preta lá do interior de Minas Gerais. Uma banda anti-racista, anti-fascista, é isso mesmo. Estamos na turnê de nosso quarto disco, Perpétuo, e esta música dá nome ao disco. Quem souber, ajuda a gente a cantar aí, por favor”.

A já clássica Fogo Nos Racistas teve menção a Olho De Tigre, de Djonga, PinneapleStormTv e Slim Beat, ao ser introduzida com os versos “Sensação, sensacional! Sensação, sensacional! Sensação, sensacional! Firma, firma, firma, firma! Fogo nos racistas”. A pedrada manteve a apresentação a mil por horacom pedidos para todo mundo “agachar geral” e significativa adesão, com a ressalva a “quem puder e estiver com os joelhos bons”, e adaptação da letra para “fogo nos nazistas”, “fogo nos fascistas” e “fogo nos machistas”, incendiando a platéia, com o perdão do trocadilho, sem que ninguém soubesse que chegávamos à metade da duração do set.

Mais acessível para os padrões da noite e com lanternas dos celulares acesas, Tradução foi cantada por Chaene, que a contextualizou: “Essa próxima música aqui, fiz para minha mãe, Dona Guiomar. Ela fala de como a vida, de como o racismo em si afetou a vida dela ao longo desses anos. Minha mãe é uma mulher que ainda não é aposentada, apesar dos sessenta anos. A gente está trabalhando muito para isso. E aí fiz, do meu coração para vocês, ofereço para as mães de vocês, onde elas estiverem”.

Descrita pelo vocalista/guitarrista como “a canção perfeita para bailar”, Mosha foi outro tapa na orelha.Um rápido solo de baixo trouxe um snippet de (Anesthesia) – PullingTeeth, do Metallica, e Revolução É O Caos veio com um curto solo de bateria, um wall of death e roda que nem o Sepultura abrira na pista premium na sexta ou no sábado – sendo justo, facilitou o fato de haver mais espaço com menos gente no setor.

Chaene deu o recado derradeiro: “É um prazer imenso estar aqui hoje esta noite celebrando o Sepultura, a maior banda de metal do Brasil, uma das maiores do mundo! Muito obrigado! Enfim, vamos fazer nossa última, nossa despedida, agradecendo a vocês mais uma vez. Pessoal, ensinem seus filhos a serem anti-racistas e contra qualquer tipo de preconceito, senão essa porra não muda! É isso!” e detonaram com Boto Pra Fuder.

Em suma, foram dez cacetadas, um solo de Chaene e outro de Rodrigo ao longo de quarenta e seis minutos, sendo cinco de Perpétuo (24), quatro de Ascensão (22) e uma de Project Black Pantera (15), justamente a saideira Boto Pra Fuder, assim preterindo material de Agressão (18). Chegando a um patamar difícil de manter e na ponta dos cascos, o céu é o limite para o trio, que praticamente fez um pocket show de trinta e dois minutos no Palco Supernova do Rock In Rio sete dias depois e arrebentaria tudo na Comedoria do Sesc Belenzinho seis dias adiante – infelizmente perdemos estaperformance por conta de compromissos familiares.

 

Ah, e o Sepultura no domingo? O padrão de atraso caiu de vinte para dez minutos e eles arregaçaram mais uma vez a partir de 20:10.De mudança no setlist em relação ao sábado, apenas Breed Apart ao invés de Cut-Throat. E em Kaiowas reparamos no óbvio: Greyson arrepia no show inteiro, porém, sem desmerecê-lo, na hora da música com mais traços de brasilidade da noite, seria covardia esperar que ele entregasse o mesmo gingado de Iggor, Jean e Eloy. Simplesmente não há como… Na hora da jam, Dante ficou novamente encarregado do violão e, nos batuques, a galera do Black Pantera e do Desalmado.Efoi mantido o breve solo de bateriapré-Ratamahatta. Enfim, longa vida ao Sepultura!

 

Setlist

Black Pantera – 46’ – Programado: 18:30 / Real: 18:30

Charles Gama (vocal/guitarra), Chaene Da Gama (baixo), Rodrigo “Pancho” Augusto (bateria)

Intro: A Vida É Desafio [RacionaisMC’s]

01) Provérbios

02) Padrão É O Caralho

03) Mahoraga

04) Sem Anistia

05) Perpétuo

06) Fogo Nos Racistas

07) Tradução

08) Mosha

09) Solo De Chaene Da Gama [Com Snippet De (Anesthesia) – PullingTeeth]

10) Revolução É O Caos [Com Solo De Rodrigo “Pancho” Augusto]

11) Boto Pra Fuder

 
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